O cenário desafiador apresentado pelo Corpo de Bombeiros Militares do Paraná, em maio deste ano, no 1º Workshop de Prevenção e Combate a Incêndio Florestal, realizado em Curitiba, vem se tornando realidade. A expectativa de aumento expressivo das ocorrências dessa natureza já se traduz em números. Neste ano, até esta quinta-feira, foram atendidos 9 mil 344 incêndios em vegetação no Estado, contra 4 mil e 11 situações semelhantes no mesmo período de 2023. Uma alta de 132%. Quem explica esse cenário é a capitã Luisiana Guimarães Cavalca, integrante da Câmara Técnica de Prevenção e Combate a Incêndio Florestal do Corpo de Bombeiros do Paraná.
Historicamente, o mês de agosto costuma ter estatísticas elevadas nesse quesito. Em 2024, porém, tem sido especialmente severo. Temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar e chuvas escassas são alguns dos fatores que contribuem para a proliferação dos incêndios, como o que atualmente castiga a região da Ilha Grande e Alto Paraíso, no Noroeste. Sete bombeiros militares, apoiados pelo ICMBio, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, trabalham contra as chamas no local. A chegada da chuva naquela região, nessa sexta-feira, já ajudou a aplacar o incêndio. Relativamente perto dali, o fogo consumiu boa parte de uma Área de Preservação Permanente Ecológica em Maria Helena. Cianorte, que ainda tem alguns focos isolados aparecendo, e o Parque de Vila Velha, nos Campos Gerais, também sofreram com a força das chamas neste mês. Somente em agosto, até esta quinta, o Corpo de Bombeiros recebeu 2 mil 274 chamados desse tipo. Comparativamente, em todo o mês de agosto de 2023, haviam sido 955. Como parte da Operação Quati João, que anualmente é organizada pela Corporação para promover a prevenção e o combate a incêndios florestais, o Corpo de Bombeiros tem realizado reuniões periódicas com entidades civis e governamentais. Nesses encontros, são feitas atualizações dos cenários meteorológicos, com apoio do Simepar, apresentados os casos mais recentes de incêndios florestais e discutidas estratégias de atuação para o período seguinte. Uma das preocupações para o ano é a chegada da La Niña, prevista para setembro. O fenômeno, embora deva ser mais ameno do que o projetado inicialmente, deixa o ambiente mais seco, propiciando o aparecimento dos focos de incêndio.
Foto: CBMPR